Almas também sangram - Poema
Magoada na cama dispersa
Lágrimas desciam sem parar
Abaixo da faca estava o poema
Que veio a me perfurar.
"— Aquele amor prometido
Aquelas conexões de almas
Mentiras postas a mesa (...)"
Das nossas mãos entrelaçadas
Naquele lugar frio fiquei
Sentada mais os réus
" — Clamo senhor juiz
Até mesmo pelos céus!"
Das águas do nosso amor
Me puxou para baixo do mar
" — Me afoguei sem nenhuma defesa
Não deu tempo de raciocinar."
O sangue escorria no chão
Vermelho e furioso
" — Parece-me caro juiz,
Que não foi um crime culposo."
Refém das barras de ferro
Que prenderam-me além de mim,
Chora a alma confusa
A beira de um abismo sem fim.
Presa e solitária
Não tem como aguentar
Nem de belos poemas vivos
Pois os mesmos vem a sangrar.
No quadrado da janela; á belos mares
Vista do outro lado
Rondando com as chaves na mão
O infeliz e seu escárnio.
Sangra Oh! poeta solitário.
Belos versos com seu pincel,
Prepara-se à morte Dolor
Como um temido corcel.
À noite sem solução,
Cansada de viva sangrar
Estava a frente mim,
A solução a posar.
Enfim, morta estava
Como uma alma sofrida chorei,
" — Já era tarde demais para declamar
Os versos que para ti solei".
Antes do vento levar
Para depois de mim,
Me olhava com ódio na alma
Por ter-me dado eu mesma; o fim.
O pincel e o amor
Foi o que o vento levou
"— O tanto que proclamei em versos!
Em chamas o inferno queimou".