Almas também sangram - Poema

Magoada na cama dispersa

Lágrimas desciam sem parar

Abaixo da faca estava o poema

Que veio a me perfurar.

"— Aquele amor prometido

Aquelas conexões de almas

Mentiras postas a mesa (...)"

Das nossas mãos entrelaçadas

Naquele lugar frio fiquei

Sentada mais os réus

" — Clamo senhor juiz

Até mesmo pelos céus!"

Das águas do nosso amor

Me puxou para baixo do mar

" — Me afoguei sem nenhuma defesa

Não deu tempo de raciocinar."

O sangue escorria no chão

Vermelho e furioso

" — Parece-me caro juiz,

Que não foi um crime culposo."

Refém das barras de ferro

Que prenderam-me além de mim,

Chora a alma confusa

A beira de um abismo sem fim.

Presa e solitária

Não tem como aguentar

Nem de belos poemas vivos

Pois os mesmos vem a sangrar.

No quadrado da janela; á belos mares

Vista do outro lado

Rondando com as chaves na mão

O infeliz e seu escárnio.

Sangra Oh! poeta solitário.

Belos versos com seu pincel,

Prepara-se à morte Dolor

Como um temido corcel.

À noite sem solução,

Cansada de viva sangrar

Estava a frente mim,

A solução a posar.

Enfim, morta estava

Como uma alma sofrida chorei,

" — Já era tarde demais para declamar

Os versos que para ti solei".

Antes do vento levar

Para depois de mim,

Me olhava com ódio na alma

Por ter-me dado eu mesma; o fim.

O pincel e o amor

Foi o que o vento levou

"— O tanto que proclamei em versos!

Em chamas o inferno queimou".

Regiane s Vieira
Enviado por Regiane s Vieira em 30/09/2023
Código do texto: T7897691
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.