PERTENCES

PERTENCES

Guardo comigo,

no centro da alma arredia,

os beijos que não te dei,

o vinho, fermento, trigo

dos sonhos, que sonhei;

as lembranças constantes

Seu sorriso contente,

com todo carinho que sei,

aquela inebriante melodia

que dançamos na linha

do trem da meia noite,

a doçura do açoite.

De seus lábios rubros,

toda notícia que vinha,

os versos inacabados

que fizemos na pedra,

beijos molhados,

que não deixei secar.

Ainda tenho no peito,

aquela foto com efeitos

naturais; as marcas

da saudade leviana.

Sabor da carne fraca,

do vinho forte;

da cabana no Nirvana

onde nunca fomos morar.

[gustavo drummond]