Despossessão
Despossuído da ânsia
o desejo não é vício,
não é compasso de espera
desafinando a música,
não pensa no lodo das ruas
em alienação indelével,
é rio que não assoreia
as suas margens como
se fosse apenas nascente;
despossuído de tudo,
o desejo não abre mão
de nenhum merecimento,
sempre é causa, nunca
efeito, sopesa as alegrias,
o poder das circunstâncias
e as janelas construídas
após a porta aberta
para o acolhimento
do amor dionisíaco
na festa do que faz sentido.