O revolver das cinzas

Às vezes me sinto só

Tão só

Me sinto tão só

Mas tenho atividade

Vontades

Sei lá

De explodir

Em milhares de poesias

De canções

De palavras amigas

Que se pulverizassem

E as levassem lá pelo vento,

Fossem encontrar neste

Ou noutro mundo alguém que as compreendesse...

Não há solidão mais pura

Que a que causa incompreensão,

A solidão mais perigosa

É a gerada dessa maneira

Alguém te ouve e diz 'entendo'

Porém, porque tinha que falar?...

Guarda para ti os teus medos,

As tuas ansiedades,

Os teus segredos puros...

Aquele que te ouvi vai comenta,

Mesmo que apenas consigo, e assim

Deformar tua imagem,

Criar um monstro, algo que não és...

Mas é de natureza humana,

Iniciar uma conversa,

Comentar como vai a vida de alguém

E, toma cuidado,

Essa vida pode ser a tua...

E assim os segundos a saber

Da tua história não

Sentirão nenhuma responsabilidade

Sobre o que souberam e vão

Dizer aos chegar em casa,

"Rapaz, hoje me disseram que fulano..."

Como penas ao vento a tua

Vida se espalhará e será tão

Tanto mais deformada quanto a maldade

Dos corações humanos...

Guarda para ti

Tuas angústias

Teus tremes, as vontades de partir...

Guarda para ti

O amor que sentes,

Fala sozinho,

Imagina, usa a Mente

E criará teus próprios amigos

A tua dor, assim comprimida

Em ti, te fará menos mal...

Guarda para ti, não esqueça,

Se tens amor por ti...

19.11.2007

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 23/04/2023
Reeditado em 23/04/2023
Código do texto: T7770763
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