[quiprocó]

O poema que eu escrevi

Com a tinta do teu suor

Se tivesse melodia

Parecida com rondó

Humilharia a sinfonia

Do samba de uma nota só

O resultado da eufonia

Domingo no Paulo Eiró

Ia tocar por duas horas

Em ré menor e si bemol

Você dizendo o tempo todo

Preferir um carimbó

E eu cá sonhando com o teatro

Transformado no Paiol

No caminho, a Algaravia

Que eu já sabia até de cor

Eu e o Seu Fernando,

Que era luso-espanhol

Um taxista boa praça

Que revendia cortiçol

E foi pego pelo IBAMA

Com um amigo tapajó

Até diziam as más línguas

Que depois do quiprocó

Na cadeia era tratado

Como se fosse faraó

Meu bisavô, que era fluente

Em catalão e bijagó

Dizia que longe desse tipo

Gente de bem, fica melhor

Chegando em casa eu sorriria

E tiraria o paletó,

Te pintaria um belo quadro

Mais bonito que um Miró

Pra que fazer surrealismo

Se eu posso fazer rococó?

Dia seguinte acordaria,

Largaria a terapia

E indicaria uma visita

Até a praia de Abricó

Um rouxinol cantando longe,

Mais ou menos 10 prás 11

Sugiro logo então um filme:

“É HP ou Deadpool!”

Você faz logo um bico grande

E a expressão repugnante

De quem quer ver diretor russo

Pra poder ser oldschool

O poema virou livro

Mais vendido que o de Jó,

Me acusaram de heresia

Mas poderia ser pior

Se eu for chamada de herege,

Melhor que seja num resort.

Elizabeth Gomes
Enviado por Elizabeth Gomes em 20/02/2023
Código do texto: T7723377
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