[quiprocó]
O poema que eu escrevi
Com a tinta do teu suor
Se tivesse melodia
Parecida com rondó
Humilharia a sinfonia
Do samba de uma nota só
O resultado da eufonia
Domingo no Paulo Eiró
Ia tocar por duas horas
Em ré menor e si bemol
Você dizendo o tempo todo
Preferir um carimbó
E eu cá sonhando com o teatro
Transformado no Paiol
No caminho, a Algaravia
Que eu já sabia até de cor
Eu e o Seu Fernando,
Que era luso-espanhol
Um taxista boa praça
Que revendia cortiçol
E foi pego pelo IBAMA
Com um amigo tapajó
Até diziam as más línguas
Que depois do quiprocó
Na cadeia era tratado
Como se fosse faraó
Meu bisavô, que era fluente
Em catalão e bijagó
Dizia que longe desse tipo
Gente de bem, fica melhor
Chegando em casa eu sorriria
E tiraria o paletó,
Te pintaria um belo quadro
Mais bonito que um Miró
Pra que fazer surrealismo
Se eu posso fazer rococó?
Dia seguinte acordaria,
Largaria a terapia
E indicaria uma visita
Até a praia de Abricó
Um rouxinol cantando longe,
Mais ou menos 10 prás 11
Sugiro logo então um filme:
“É HP ou Deadpool!”
Você faz logo um bico grande
E a expressão repugnante
De quem quer ver diretor russo
Pra poder ser oldschool
O poema virou livro
Mais vendido que o de Jó,
Me acusaram de heresia
Mas poderia ser pior
Se eu for chamada de herege,
Melhor que seja num resort.