AGUA DO CHUVEIRO
Tudo que foge da realidade é devaneio,
O que não encontra aporte, está a deriva.
Quem me dera ser a água do seu chuveiro,
Lavar seu cansaço e ainda ser fonte de vida.
O porto seguro que seu abraço oferece,
Sempre me aquece, me faz ser inquilina.
A intensidade do que é real vem e floresce.
Paralisada, eu começo a cismar sozinha.
A paixão que antecede o amor, instaura,
E o fogo se alastra diante dessa ventania,
Não somos fagulha ou sequer fomos brasa,
Fogueira ardendo, estalando em pleno dia.
Quem me dera ser a água do seu chuveiro,
Tocar seu corpo sem permissão antecipada,
Se me priva de sentir sua pele primeiro
Só me resta, nessa vida, ser então; água.