AGUA DO CHUVEIRO

Tudo que foge da realidade é devaneio,

O que não encontra aporte, está a deriva.

Quem me dera ser a água do seu chuveiro,

Lavar seu cansaço e ainda ser fonte de vida.

O porto seguro que seu abraço oferece,

Sempre me aquece, me faz ser inquilina.

A intensidade do que é real vem e floresce.

Paralisada, eu começo a cismar sozinha.

A paixão que antecede o amor, instaura,

E o fogo se alastra diante dessa ventania,

Não somos fagulha ou sequer fomos brasa,

Fogueira ardendo, estalando em pleno dia.

Quem me dera ser a água do seu chuveiro,

Tocar seu corpo sem permissão antecipada,

Se me priva de sentir sua pele primeiro

Só me resta, nessa vida, ser então; água.

FLÁVIA PINHEIRO
Enviado por FLÁVIA PINHEIRO em 13/02/2023
Código do texto: T7718734
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