[três (1/36)]
Eu poderia largar o cigarro
E em passos largos
Me largar de cabeça
No teu peito
Eu poderia
Em vilas acidentadas
Ou portos brancos,
Velhos
A(r)mados
E usados
Abrir a janela ao lado
Pro vidro corrente de ar
E quebrar com um só impulso
No pulso-coração
O cunho da estrada
Voando baixo
Nas linhas brancas
Ou me arrastando
Pelas sujas de bordô e carmim
Eu poderia até mesmo
Te cobrir
Com meu já empoeirado
Manto carmesim
Poderia
Secar o inviável viés
De naufragar o desejo
De morar aos teus pés
Poderia quiçá
No todo do ódio
Que te corrompe o sutil codinome
Morrer de desejo
De pavor ou terror
Na infinita angústia
De suprir tua fome
Quebrar os limites,
Jaulas, paredes ou gaiolas
E sufocar com as correntes quebradas
O todo do mal que te apetece
Eu poderia tudo isso
Se com sorte
Algum dia
Com teu andar-vôo
Nas minhas linhas hoje vazias
Você também me pudesse