TEIMOSIA
Se o norte do seu barco puderes me conceder,
Faço este entardecer durar uma eternidade.
Visto-me de saudade até conseguir lhe convencer,
E faço amor valer pequenas doses de felicidade.
Alega que no passado do relógio era prisioneiro,
E só no seu espelho vejo o tormento de outrora.
No silêncio do agora refém em outros cativeiros,
Neste instante me oprime o tempo que demoras.
Talvez não esteja em mim o que esperas do futuro,
E no auge deste surto, condena me impostora,
Dispensa então este amor transparente e puro,
Para seguir outra alma um pouco mais sedutora.
Não quero seu corpo sendo tocado por outro alguém,
E você ficando bem aquém do prazer que merece.
Meu corpo não pode seguir este rumo também,
Se na verdade só o seu toque que me estremece.
Se tivesse um pedido, pediria menos teimosia.
Deixar de ser agonia para ser cada dia mais sua.
É intenso e não precisamos de nenhuma fantasia,
Todavia, para você minha alma sempre estará nua.