Chego sempre onde você não está

Não procuro nada

Vou palmilhando a estrada que vai se abrindo

A medida que vou caminhando,

É sempre nova a pegada nesse Chão

Que abre entre dimensões impalpáveis

Um ponto para meu próximo passo,

E o anterior se apaga,

Se apaga toda estrada

E eu nunca posso voltar...

Mas me lembro de você

De como foi bom te conhecer

E caminho assim sonhando

Que o caminho que vai se revelando

Uma hora vai me mostrar você,

Você que não consigo nem quero esquecer...

Cheguei numa esquina,

Cheguei em um mar

Encostei num bar

E perguntei onde te encontrar...

Me disseram que tinham te visto

Que lembravam de você

Mas perderam o caminho que te levou

Na verdade ninguém notou

Estavam bêbados demais lutando para esquecer

Aquilo que os fez beber...

Mas deram um rumo,

Que seguisse em frente lateralmente pela esquerda e direita sem voltar,

Que voltasse de onde não chegasse,

Era ali que talvez de encontrasse...

Fui embora,

E estou aqui agora

Estou em movimento sempre

E sempre chego num lugar novo

Desconhecido

Onde todo muda fala que te viu

Mas não te viu seguir

Parece que na ida você faz é sumir

E assim

Eu chegou sempre onde você não está

Mas se não vou

Se tambem fico

Sei que você não vai ali chegar

E portanto tenho que partir,

E agora não vou mais me preocupar em te achar

Porque eu mesmo me sinto perdido

E até já delirei

Será que sou eu que não estou onde eu chego,

Será que não sou eu

Esse que sempre vive a me escapar?

Não sei

Mas sei que sempre chego

E antes de partir me amarga a verdade

Se sempre chegar onde você não está...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 06/05/2022
Reeditado em 06/05/2022
Código do texto: T7510498
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