Amor ou coisa assim!
Eu me encontrava sentado num banco cinza de concreto.
Buscava com os olhos algum motivo pra sorrir.
À minha frente um jardim gramado, com flores resolutas.
Mas, depois do desinteresse, eu a ví.
Aquela flor de cabelos encaracolados.
Tinha a face rosada e um halo de luz sobre a cabeça.
Pensei que se tratava de Santa.
Os olhos pareciam esconder segredos.
A boca levemente carmim.
Meu coração acelerado revelava minha ansiedade.
Ela me deu um sorriso tímido e calculado. Destes que não ultrapassam a fronteira da revelação.
Seus olhos assemelham-se a pedras lapidadas.
Quem era eu naquele instante?
Um criminoso trêmulo.
Desejava arrancá-la pela raíz e planta-la nas minhas artérias.
-Quem sois vós, majestosa?
-Alguém que me atira gracejos assim?
Olhou-me novamente como quem queria meu coração.
-Sou aquela que mora em teus sonhos e neles vive. Só peço para não me prenderes em vaso de porcelana, porque eu enfeitaria tua mesa, mas acabaria teus devaneios.
Sandro R C Costa