A ausência sempre presente
Pai
Foste embora sem me dizer adeus
Sem esperar que eu crescesse e te reconhecesse
A morte te tirou de mim, meu amigo...
E eu fui bolando de lugar em lugar
Sem ter direito o que comer
Sem sonhos
Apanhando de uns e de outros
Silenciando ou chorando
Meus pés descalços foram trilhando
Conforme a vontade de Deus
Um caminho muito estranho, meu Pai...
E eu às vezes esperava que você aparecesse
Para conversarmos
Para brincarmos
Para me proteger de socos violentos
Que só me deram porque eu não tinha você,
Carregando diante de mim um escuto
Que inibice qualquer ameaça
Que por ventura se levantasse diante de nós...
Tenho certeza que aqueles dias vazios
Seriam apagados de minha vida
Porque você daria sua vida por mim
Tenho certeza
E da roça, ou do caminhão que te matou
Vinha alguma coisa pra nosso fogo
Pra nosso prato
Pra mim...
Eu sonho com isso
Com esse encontro contigo
Única coisa capaz de mitigar a dor de te levar sempre no coração
E na mente,
Uma ausência sempre presente...