A ausência sempre presente

Pai

Foste embora sem me dizer adeus

Sem esperar que eu crescesse e te reconhecesse

A morte te tirou de mim, meu amigo...

E eu fui bolando de lugar em lugar

Sem ter direito o que comer

Sem sonhos

Apanhando de uns e de outros

Silenciando ou chorando

Meus pés descalços foram trilhando

Conforme a vontade de Deus

Um caminho muito estranho, meu Pai...

E eu às vezes esperava que você aparecesse

Para conversarmos

Para brincarmos

Para me proteger de socos violentos

Que só me deram porque eu não tinha você,

Carregando diante de mim um escuto

Que inibice qualquer ameaça

Que por ventura se levantasse diante de nós...

Tenho certeza que aqueles dias vazios

Seriam apagados de minha vida

Porque você daria sua vida por mim

Tenho certeza

E da roça, ou do caminhão que te matou

Vinha alguma coisa pra nosso fogo

Pra nosso prato

Pra mim...

Eu sonho com isso

Com esse encontro contigo

Única coisa capaz de mitigar a dor de te levar sempre no coração

E na mente,

Uma ausência sempre presente...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 21/03/2022
Código do texto: T7477908
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.