De onde eu vim
Eu vim de uma história.
Um romance de Jorge Amado.
Um relato contado por quem sabe de amor.
Eu vim do pólen, e não do pó.
Cheguei contando pétalas, porque não sabia chorar.
Cheguei num dia qualquer, nos meados de agosto.
Numa manhã iguais a todas as outras.
Fui recebido por uma mãe cheia de afetos.
Um mulher que sonhava sem dormir.
E por um pai sonhador.
Um homem que não dormia por medo de sonhar.
Cresci entre irmãos que carregavam suas asas, pra um dia aprender a voar.
Me tornei adulto, sem querer ser.
Estou me transformando em um ancião, com a mesma e antiga esperança de uma criança.
E de tudo o que passei, acho que tiro o proveito de ter sido amado... Como o Jorge que me ensinou a ler romances numa tarde de sábado.
Sandro R C Costa