FOGO DE PALHA
Aracati, em, 25 de Setembro de 1997.
Sou o fogo que acende toda palha de tua vida
É até bonito ver a chama te consumir lentamente
Vendo tuas palmas cantando no meio da fogueira
Uma canção confusa a dizer que vai durar para sempre.
Queima lento, a palha que outrora farfalhava,
Ao vento forte se dobrava como sinos de despedida
Enquanto a chuva fazia realçar o teu verde mais bonito
Sem que te lembres do iminente e impiedoso outono.
És como a palha verde e úmida
Queima devagar, mas queima furiosamente,
Apenas demora um pouco mais a se acabar
Já ciente, porém mergulhada no engano, de ser eterno
O fogo que agora te consome lentamente.
E depois que eu nem mais fumegar
E a tua cinza se espalhar com um novo vento de novidade
E o ciclo se repetir, mesmo que desta vez
Tu venhas a ser o fogo ou eu a palha.