Pra não dizer que não sei falar de amor
Sempre quando acordo penso em você
Do seu jeito doce, inquieto, brincalhão, sagaz,
É... eu não consegui te esquecer
Na memória, os momentos vividos, o toque
O som da sua voz
E o pensamento bem devagar lá em você
Pra não dizer que não sei falar de amor
Também sei falar de outras coisas,
Como sobre o amor
Aprendi com o seu acoroçoado
Sou cientista, mas posso ser poetisa!
O difícil é não falar do meu amor por você
A nossa história de amor
Não consigo esquecer, Valentim!
Poderia ser um filme, um livro
Que não pode ser lido
Oh! Cadê o nosso amor com seu aroma doce e agradável?
Esquecê-lo-ei seria ofensa!
Será apenas uma memória de um amor?
Sou pressionada a te escrever:
“A história do nosso amor, Valentim,
É chegar perto da poetisa?!”
Eu nunca rejeitaria um sentimento assim,
Gravado na memória poética,
Na cena, nos quadros
Nas fotografias
Na melodia, no som, na música de Chico Buarque
Você me disse, alegre e brincando:
“O homem que casar contigo será um sortudo!”
E apenas abria seu iluminado sorriso
Mas eu pensava:
“Na verdade, eu que sou uma mulher sortuda
por ter te conhecido”
O que sinto por você é forte!
Mais do que a física quântica
Sinto-me entrelaçada a ti
Alegro-me só de pensar em te ter
Em meus braços espero o beijo molhado
Sonho em estar novamente ao seu lado
Se pudesse voltar no tempo
Ah...Voltaria no dia em que te conheci
Desse acontecimento
Guardado na memória poética
Acredito que nem saí
Foi por medo de perdê-lo que errei
Peço-te desculpas por tudo
Pela ausência de anos,
Pela minha omissão
Pelo que fiz e te magoou sem eu saber
Não foi intencional magoar você
Quando decidi ir embora
Guardei o sentimento na memória poética
A paisagem mais bonita
O lugar secreto
Só você e eu poderíamos resgatar
O nosso amor encoberto
Perdi-me tentando entender
O que fiz
Na verdade, precisei descobrir-me
Entender o quanto você foi e é importante pra minha vida
Duro é descobrir, Valentim,
Sem te ter por perto
Queria saber de um segredo
Aquele que me levasse até você
Eu ainda te espero, no gozo, no fogo, no devaneio do prazer
Duvidei, tive medo, fiquei entediada
Nunca perdi a esperança
Quero reencontrar no seu rosto, Valentim,
Aquele belo sorriso de menino
O brilho nos seus olhos,
Que caracteriza o seu rosto com o desenhar de sua barba
Enchia de alegria aquele teu jeito
Quando me olhava
Não encontro em lugar algum
Esse teu jeito educado e alegre de ser
Tua voz suave e teus gestos delicados
Os teus braços nos quais quero me embaraçar
O teu jeito brincalhão acabou comigo
Aquietastes ao anoitecer
No equilíbrio de seu afeto
Em harmonia forte
Na noite, no luar, sob o vento
Em movimento, deu sentido ao som
Você com sua tonalidade ouviu-me
No alvorecer, eu sou Amora
No “Rubato”, na voz, no som
De Chico Buarque
No vento, no ar, sob a água
Enquanto você, Valentim, ouve, vê e sente!
Poesia narrativa em versos. Escrito inicialmente entre os dias 20 e 22 de agosto de 2021, e revisado em fevereiro e julho de 2022.