Me perdi
Não porque eu quisesse
Mas me perdi
Já era meio incerto
Já havia medo ali
Mundos tão diferentes
Vazios existentes
Bruma intensa
Que na distância
Toda imagem distorcia
Transfigurada imagem
Do sentimento que invade
Contorcendo a alma
Como vil e covarde
Espelhada no algoz
Desenhado pelo infame medo
De quem da vida nasceu expurgada
E desconhece aconchego
E me perdi
Quando a voz
Já alterada
Esbravejava sentimentos
Há um tempo ocultados
Entre os silêncios
Silêncio agora quebrado
No tom exasperado
Que dançaram em meus ouvidos
Desenharam a silhueta monstrual
Do que até ali eu não via
E cada palavra repetia
Tudo que você sentia
Derrubando
Parte por parte
As coisas em que cria
Desnudando o quão fria
Era tudo que na verdade não existia
E me perdi
Olhei pra mim
E já não me via
Tudo apenas escorria
Pela face gélida e pálida
Cuja dor a invadia
E as palavras insistiam
Se repetiam
Invadiam
Desmanchavam o que um dia
Em outras palavras se ouvia