REDOMA
“Eu te colocaria numa redoma de vidro.
Te protegeria de tudo!"
A intenção era proteger-me do mundo.
Mas esqueceu-se ele,
De que deveria proteger-me
De mim mesma.
Há um arbítrio que sinto
Uma permissão de ar livre
Que em tudo consente
Que em nada consiste
Se é bem vindo, permito
E quando percebo...
Já foi, eu consinto!
A redoma encheu-se
Transbordou-se de mim
Os vidros quebraram
Não suportaram sentir
O peso do peso que tenho
E guardo dentro de mim.
Os efeitos são tantos
Que já acostumei
Minhas pálpebras pesam
Por tudo o que já doei.
Mas as dores, as marcas
Seguem quebrando as amarras
Que na vida ganhei.
Eu não caibo no vidro
Só pertenço à mim
Meu refúgio eu mesma crio
Sou perfeita assim
Livre e presa constante
Sou o grito incessante
Dona de mim.
Presa ao risco, sigo solta
Doce fascínio que me faz rir
Livre e rara, ninguém doma!
Sem começo, meio ou fim
Do laço que me retoma
Você terá de fugir.
Sou minha própria redoma.
Nunca por você, sempre por mim.