REDOMA

“Eu te colocaria numa redoma de vidro.

Te protegeria de tudo!"

A intenção era proteger-me do mundo.

Mas esqueceu-se ele,

De que deveria proteger-me

De mim mesma.

Há um arbítrio que sinto

Uma permissão de ar livre

Que em tudo consente

Que em nada consiste

Se é bem vindo, permito

E quando percebo...

Já foi, eu consinto!

A redoma encheu-se

Transbordou-se de mim

Os vidros quebraram

Não suportaram sentir

O peso do peso que tenho

E guardo dentro de mim.

Os efeitos são tantos

Que já acostumei

Minhas pálpebras pesam

Por tudo o que já doei.

Mas as dores, as marcas

Seguem quebrando as amarras

Que na vida ganhei.

Eu não caibo no vidro

Só pertenço à mim

Meu refúgio eu mesma crio

Sou perfeita assim

Livre e presa constante

Sou o grito incessante

Dona de mim.

Presa ao risco, sigo solta

Doce fascínio que me faz rir

Livre e rara, ninguém doma!

Sem começo, meio ou fim

Do laço que me retoma

Você terá de fugir.

Sou minha própria redoma.

Nunca por você, sempre por mim.

Brenda Botelho
Enviado por Brenda Botelho em 24/11/2021
Código do texto: T7392589
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