DOCE SEPULTURA

DOCE SEPULTURA

“Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos” (Machado de Assis)

A minha mão

alguém segu-ra

uma promessa,

uma ju-ra.

Minha boca

murmu-ra.

Só enxergo

tua figu-ra.

Meu rosto

se desfigu-ra.

Meu leito

sepultu-ra.

Minha visão

obscu-ra

Ainda enxergo

tua figu-ra

Minha triste

desventu-ra:

Do céu

p’ra sepultu-ra

Minha doença,

minha cu-ra,

meu delírio

minha loucu-ra!

Agora tudo

se mistura,

se recompõe

se desfigu-ra...

Tentei chegar ao fim

mas ele chegou

antes a mim...

MAR/1992