O SONHO DA TRANSFÓIMAÇÃO - Poema Matuto
Hoje eu sonhei caminhando,
na varêda d'um ceicado,
fulorido de lado a lado,
de prefume imbriagadô.
O cenáro era tão lindo,
qui abestaiádo eu fiquei,
sá minina; e nem notei,
a mais linda dais fulô.
Preguntei a um passaríin,
qui cantava sastisfeito,
e êle munto contrafeito,
me arrespostô chateado:
A mais linda dais fulô,
tá bem alí, isperando,
puro uns verso, suspirando,
de um poeta apaixonado.
Querendo dá meu recado,
ôiêi p'ráis fulô, p'ru céu,
e sem dá conta de mim,
pura fulô qui isperava,
inlôquicí de repente,
e uis verso, da minha mente,
prá ela, saíro assim:
Ô céicado prá tê sorte!
Tá recheado de amô!
Abarrotado de fulô,
cada quá a mais chêrosa.
Falando assim, dêsse jeito,
divagá fui me aceicando,
inté qui findei parado,
bem pertíin daquela rosa.
Butei ela in minha glosa,
cubrí de verso de amô,
e ais pétala da fulô,
eu inventei de bêjá.
Quando foi p'ru eu bêjada,
a rosa teve um tremô,
e alí mêrmo cumeçô,
na hora, a se transfóimá.
Uma beleza sem iguá,
virô-se in muié prá mim.
O céicado era um jardim,
incantado, pode crê.
Sua rosa mais fóimosa,
tava juntíin d'eu, in pé,
virada in linda muié;
essa rosa era você!...
Bob Motta
NATAL-RN
12.NOV.2007