Solidão

Foi só alguém que esperava

No silêncio da solidão

Que gritava

Onde apenas

Um coração

A escutava

Não foi algo novo

Foi o velho abandono

Tão fácil de ofertar

Deixada pra depois

Outra vez

Dentre tantas

Já no mofo

Segurando o sangue

Das feridas reabertas

Com as próprias mãos

Dizendo a si mesma

Que a dor que a afeta

No amanhecer se desfará

E no próximo crepúsculo

Tudo se refará

Do sal das lágrimas

Hoje provado

O tempero do sorriso surgirá

Crendo nas próprias ilusões

Se aninha

No úmido adormecer

Se encolhe pra ver nascer

Outro dia

Outros sonhos

E assim adormece

Enquanto a última lágrima deste dia

No caminho desenhado

No teu rosto já adormecido

Embrenha-se e se mistura

No tecido que a toca

E acaricia

Sumindo sem levar

A dor que a fez brotar

E logo que despertar

Ela respirará

Num suspiro fundo

De quem nem pôde sonhar

E com os olhos abertos

Se perde no longínquo

Por não encontrar

No que te é perto

A razão para sorrir

Pois ao os olhos abrir

Se dá conta

De que a solidão

Está ali

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 25/02/2021
Reeditado em 25/02/2021
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