Solidão
Foi só alguém que esperava
No silêncio da solidão
Que gritava
Onde apenas
Um coração
A escutava
Não foi algo novo
Foi o velho abandono
Tão fácil de ofertar
Deixada pra depois
Outra vez
Dentre tantas
Já no mofo
Segurando o sangue
Das feridas reabertas
Com as próprias mãos
Dizendo a si mesma
Que a dor que a afeta
No amanhecer se desfará
E no próximo crepúsculo
Tudo se refará
Do sal das lágrimas
Hoje provado
O tempero do sorriso surgirá
Crendo nas próprias ilusões
Se aninha
No úmido adormecer
Se encolhe pra ver nascer
Outro dia
Outros sonhos
E assim adormece
Enquanto a última lágrima deste dia
No caminho desenhado
No teu rosto já adormecido
Embrenha-se e se mistura
No tecido que a toca
E acaricia
Sumindo sem levar
A dor que a fez brotar
E logo que despertar
Ela respirará
Num suspiro fundo
De quem nem pôde sonhar
E com os olhos abertos
Se perde no longínquo
Por não encontrar
No que te é perto
A razão para sorrir
Pois ao os olhos abrir
Se dá conta
De que a solidão
Está ali