Poema - Lemegeton Goetia
Poema - Lemegeton Goetia
Certa vez um Poeta
Que havia vendido sua alma ao Diabo
Resolveu revelar ao mundo todos os seus segredos
Na noite em questão
O Diabo veio visita-lo
Trazendo com ele aquilo que o Poeta mais amava
O Poeta demonstrava-se apático
Caminhando de um lado para o outro
Com os seus olhos distantes
- O que eu deveria te dizer?!
Gritou o Poeta em tons de espanto
- Fui amaldiçoado com esta vida
Que tampouco consigo suportar
- E estes pés imundos
Que me sustentam
Mas que já caminharam em labaredas infernais
Que as suas patas jamais suportariam!
- Durante toda a minha infância
Eu assisti os meus pais
Chorando com a maldição do meu nascimento
- Vivi uma vida de mentiras
Sem que em nenhum segundo
Eu pudesse ser eu
Manifestando este monstro que vive na minha alma
E daqueles poucos
Que conheceram minha verdadeira essência
Abandonaram-me sozinho na minha própria escuridão
- A depressão e o ódio
Pela minha própria vida
Afogaram-me no abismo da miséria
Tudo o que me restou
Foram estes versos
Estas Poesias
E estes livros empoeirados que espalham
As minhas maldições através da história e do tempo
- Então Diga-me oh senhor das trevas
Filho das alvoradas a grande estrela da manhã
O que o Diabo
Podes tirar de mim?
Que a vida já não o tenha feito (...)
O Diabo,
Ainda sorrindo como um sátiro
Demonstrou em uma de suas patas encouraçadas
A Filha, que o pobre Poeta sempre sonhou
E uma vida repleta de amor ao lado de sua amada
Caindo de Joelhos
O Poeta pela primeira vez clamou por misericórdia
Implorando para que ele pudesse viver aquela vida
Mas sem perceber
Que no dia do seu Nascimento
O Diabo já havia escolhido o seu destino
E que a miséria, as angustias, a depressão
E toda a dor que foi condenado a viver
Eram Poesias seladas na sua alma...
Implorando para que Pudesse viver
Aquela outra vida
O Poeta se enforcou (...)
Em seus sonhos
Enquanto o seu corpo debatia-se em agonia
Ele pode abraçar a sua filha, beijar a sua amada
Enquanto apodrecia dependurado em uma corda velha
Suspenso em seu quarto escuro
Naquele momento
O Diabo sorriu
Agradecendo-o por ter vivido.
- Gerson De Rodrigues