Poema - Desamor part 2
Poema - Desamor part 2
Eu a amava
Ela era especial
Diferente de todas as outras rosas no jardim
Uma estrela cintilante a queimar nos céus noturnos
Já eu?
Eu não era ninguém
Sempre soube que a perderia
Em algum determinado momento
Que iria faze-la sangrar
Ou que partiria o seu coração
Não porque eu não me importava
Com os seus sentimentos
E sim porque monstros como eu
Só sabem destruir aquilo que amamos
Sempre fui essa criatura horrenda
Rastejando em esgotos
Alimentando-se das fezes de ratos e baratas
Nunca, nunca em hipótese alguma
Juro pela alma dos Poetas gregos
Eu nunca quis magoá-la
E tudo que eu fiz foi rasgar o seu coração
Ah se os Deuses existissem
Estes mesmos Deuses
Dos quais praguejamos nossas pragas e euforias
Se estas criaturas Divinas rastejassem
Pelo mesmo solo que os meus pés imundos
Um dia rastejaram
Os santos abdicariam das suas Divindades
Pois somente as criaturas mais podres
Pisou aonde eu pisei;
Era mais uma destas madrugadas infernais
E ali estava eu, sozinho deitado em meio ao vômito
Cercado por cocaína e prostitutas que nunca
Seriam capazes de me amar
Sentindo pena de mim mesmo
Me afundando nas minhas angustias
Angustias transformadas em Poesias
Para alimentar almas
Que assim como eu
Perderam-se em seus quartos escuros...
Eu podia protegê-la do mundo
Podia amá-la com todas as forças
Só não podia protegê-la de mim mesmo
Então eu parti na noite seguinte
Sem ao menos dizer adeus
Sem ao menos, olhar nos seus olhos doces
E dizer o quanto eu a amei
Mas que este amor
Não podia protegê-la do monstro
Pelo qual ela havia se apaixonado
Naquela noite
Esqueci o seu nome
Retornei para a solidão
Lá no recanto dos suicidas
Aonde as almas vazias
Encontram-se para suprimir suas angustias
Em gritos desesperadores encarcerados nas suas próprias mentes
Algum dia retornarei para os seus braços
Como uma antiga memória
Dos dias em que a fiz sorrir
Neste dia
Serei como as estrelas
Uma lembrança que há muito tempo
Já se apagou...
- Gerson De Rodrigues