Amor platônico

Um dia quis ser sábio

Descobri a filosofia

Mas olhem só, quem diria

Que doce triste ironia

Amei bem profundo

Até que me esqueci

Que não era sobre o outro

Era tudo sobre mim

E com tanto narcisismo

Comecei a ruir

Foi o jeito partir

Fugir para um novo lugar

Onde eu pudesse ver o sol

A lua, as estrelas e o mar

Mas não deu pra evitar

Bem tão rápido me apaixonei

Eu tentei, e tentei

Mas a razão renunciei.

Lá estava eu, deveras apaixonado

Como um cachorro bobo

Abanando o rabo

Estaria tudo certo

Se eu não tivesse me anulado

E não demorou até tudo desandar

Eu não tinha o controle

Sobre o meu leve navegar

Confundi apego

Com o jeito certo de amar

Então tudo acabou

Mais uma vez o fim

E que foi que restou?

Flores mortas em meu jardim

O tempo passou

Superei o meu escárnio

Mas repeti as mesmas palavras

Como se fosse um papagaio

Amei mais uma vez

Entendi o que estava errado

Se ama o desejo

E jamais o desejado

Pus a sorte em jogo

Decifrei alguns mistérios

Mas acabei sozinho

Contando doces deletérios

E foi quando entendi

Na ilusão da frente fria

Que eu não amo o outro

Amo a sabedoria.

Gabriel Cordeiro Machado
Enviado por Gabriel Cordeiro Machado em 08/09/2020
Código do texto: T7057666
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