Mar noturno

Me embrenhei no mar calmo e sem espumas

sob o luar da negra noite de seu olhar

que me afaga, salga e afoga em plumas

no eterno desvario de um breve amar

A vastidão dói mais que a agulha da areia

em ti, magnólia noturna, brilha a estrela cadente

caída em minha praia, lânguida sereia

que rumou ao sul em um enternecido poente

Poesia flutuante de sua garrafa, voz de melodia

Seus olhos, espelho d’água em alma marinha

refletem aquela noite que não sucumbe ao dia

embriagado, meu coração só quis te fazer minha

sal da terra, sal do mar, espinho da rosa, espinha sua

peixe fisgado, livre, não te tive no mais curto instante

ondas vagas não te afugentam na noite sem lua

apenas quebram e esperam a sua volta estonteante

Enquanto a rocha apanha das águas, imagino a sua candura

A Terra está novamente embebida no breu da escuridão

que se alastra até te perder de vista, até perder minha cura

que é você, bem sabes, minha salgada e doce ilusão.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 20/07/2020
Reeditado em 20/07/2020
Código do texto: T7011891
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