Nos olhos e na alma...

Vai romper esse peito,

Represa de lágrimas

Contidas, pesadas e profundas,

Se não abro as comportas.

Paredes que emuralham

Lembranças e lições amargas,

Resistirá as intempéries

Sem se deixar ruir?

Poderá fazer água

Pelas trincas e vãos

De antigas recordações,

Antes contidas pelo poder vital?

Estruturas fornidas e arcaicas

Resistem desesperadas

Temendo que desejos ocultos

Sejam levados de roldão.

Temo que levem para o vazio

Cadáveres de esperanças

E as artimanhas dos sonhos,

Logo após a primeira aresta.

Mas se desfeitas as peias,

Colham-me aos baldes

E sirvam-me como chuva

Onde houver sementes.

(Não há limites, só o incontido)

Tácito

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 11/06/2020
Reeditado em 11/06/2020
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