CARTA DE AMOR
AMAR
É encarar as feridas
O amor é um achado
Senti muito calor ao escrever isso
Reconciliar o que inspira
Como fechar minhas próprias fendas?
Eu tenho o hábito de falar com os olhos
Como dar corpo aos pensamentos
Palavra é signo
Pensamento é brinquedo da imaginação.
Quando abole a si mesmo,
torna se mais signo do que nunca
Desejo, desejo de propor
Moeda do desejo do outro
Amor não é apego libidinal
É vínculo afetivo
Estar ali para ouvir como um outro.
Está sujeito acidentes, pedregulhos no caminho.
O amor é vínculo de identidade. Lugar de associação.
Ele descobre as necessidades alheias.
O amor e o favor visam preencher vazios
Como chave que procura a fechadura.
A linguagem é um intermediário
Eu sou afetado por o seu desejo
Sou refém do meu desejo
armadilha de pássaro
Paga por seu lugar
Inconsciente como o próprio corpo,
está além das obrigações
Só precisa arrumar tempo para se ver
como se fosse a primeira vez.
O noite de amor tange o dia
Passar a noite com sua amada
para depois ir para o cadafalso.
Conhecer os lugares autênticos
do meu gozo no vazio.
Sou caçador de paisagens
Eu sou armadilha do seu olhar
Eu caí por ela
Ela alimenta a minha imaginação
Formosura de anseio de beleza.
Sou cúmplice dela.
Saber é sentir. Toca com os olhos.
O amor nasce de encontros, despedidas e evocações.
O amante serve sua amada.
Contempla ela desnuda.
A contemplação da amante nua é manhã de primavera
Diálogo do ser consigo mesmo
Alma é sensação, afetos
O encontro erótico é palpitante alquimia.
O amor começa com um olhar ao ir encontro do desconhecido.
É responder às necessidades do outro
Sexo é mental. Fronteira entre o sonho e a realidade.
Tenho necessidades profundas
Quero fazer amor com ela
Fazer poemas no encontro com seu destino
O amor é acasalamento, fundir da respiração.
Dá o seu amor com profundidade
Na experiência do mergulho.
E volta que preciso recuperar a si mesmo
Pois o seu coração é um tambor
que dentro de si internalizo.
De Fernando Henrique Santos Sanches
O Poeta das Almas
Fernando Febá