Devaneio
És meu sonho
Devaneio de minha alma
Entre as longas madrugadas
Sob o frio moribundo
É sob teu semblante que me decomponho
Frígida figura
Caminha entre luzes
Que aos meus olhos cegam
E a meu coração disseca
Mesmo sendo a mim o que me cura
Ladrão de minha alma
Sem nem a mim perceber
Rouba o que me cala
Traz o grito desse sofrer
Que não me devolve a calma
És o sorriso que congela
Cada parte do meu ser
O que me traz felicidade
E o que dilacera meu viver
És o indefinido amor que me vela
És a morte em meu viver
Doce abutre dos meus sentimentos
Dou-te de bom grado
Os milésimos do meu tempo
E só te peço um favor
Não me mate dos teus pensamentos
Me permita um segundo
Pequeno espaço, mesmo em segredo,
Deste teu inefável tempo
Se não me queres acomodar
Entre tudo que te preenche
Entre o que te é profundo
Meu doce amargo carrasco
Não tens culpa desse infortúnio
Sou de mim a responsável
Mesmo sendo inocentada
Pelo amor que em mim arrasto
Por te manter em meus pensamentos