Sintonia
Assim como acalma olhar as ondas do mar
Olhar-te traz-me paz e me faz sonhar
Nos momentos de maré alta
Quando fortes batem as ondas contra as pedras
Me debruço em ingênuo devaneio
Me misturo com o mar
Permitindo aos meus olhos
No seu leito derramar
Águas também salgadas
Que escorrem a me temperar
Não nas pedras que silenciosas
Apenas recebem o pesar
Mas na pele de minha face
Onde escorrem sem cuidar
São ondas que descem frias
Tal qual as águas do mar
E na bravura de cada onda
Que cobrem as pedras num espumar
Não se ouve um reclamo
Apenas o som do mar
E depois, na calmaria
Quando as águas se põe a baixar
São as pedras que reluzem
Junto ao Sol a brilhar
Cada alta uma luta
Cada baixa um respirar
É assim esse romance
Entre as pedras e o mar
Não te denomino de pedra
Nem de mar estou a te chamar
Somente compreendo
Relação das pedras e o mar
E a trago em consciência
Para as coisas ajeitar
E desta forma traduzir-te
O que estou a interpretar
As histórias mais bonitas
Impressas nas páginas da vida
Não são de fantasias
São da perfeita sintonia
Entre as pedras
E o mar
Onde um entende o outro
Sem do outro nada furtar
Deixando em cada encontro
Um no outro o eterno se dar