Foi assim

Sem querer

Num quase brincar

Te abri o coração

Era eu construída na certeza

Que não me custou desafiar

Eu menina

Descrente da semente

Que no lodo caminhou

Feito ave que ninho perde

Me perdia no que não me relatou

No desencanto ouvi teu canto

Nos lábios que a mim sorriu

Aguardando tua partida como as águas de um rio

Te vi tomar a minha vida

Não dei conta de proteger-me

Nem te percebi me invadir

Só dei conta quando vi no teu olhar

O frio de quem estava a se afastar

De dias de conversas

Brincadeiras e risadas

Passei a te procurar

E no longe te encontrar

Por mais que me esticasse

Longe estava tua face

Doce gigante que me invade

Só ensina pra essa menina

Como a dor esconder

E não ir atrás de você

Coração que não sentiu

Abre em execrosa ferida

Não importa a necropsia

E poderá não estar escrito

Mas a causa morte é você

Foi -me breve nesta vida

E como um sopro se esvaiu

Hoje é dor que cresce

Minha alma envelhece

Na palma apodrece

Doce gigante

Não te culpo por assim ir

Ao contrário, te agradeço

Mesmo que por pouco tempo

Pois por você me vi a sorrir

Sigo agora não vazia

Mas tão cheia desse momento

Não conhecia esse alento

Vem comigo o maior dos sentimentos

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 09/05/2020
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