Memória
Minha alma se ajoelha
Na sombra da velha
Colina
Benzo os murmúrios
Anestésicos
Dos meus lábios
E eles silenciam.
Os meus olhos fitam
O horizonte
Rompem as paredes
De taipas
De cada nevasca
Fronteira.
Eu de pés no chão
Piso cauteloso
As meras
Obscuridades
Pedras esculpidas
Pelo tempo.
Repito os meus
Movimentos
Civilizando
As manobras
Gestos delimitados
De minhas mãos.
Sustento o silêncio
Que paira
Sobre cada fio
Úmido dos meus
Cabelos.
Ampla semelhança
Do que me habita.
Declamo uns versos
Nenhum solitário
Indivíduo
Me ouve.
Sigo mudo e inefável
Linhas traçadas
Berros furiosos
Vitrines foscas
De minhas opiniões.
Daniel Gomez.