PARA ALGUÉM MAIOR

Abre o teu pombo sobre o meu corpo, e

Sobe vagarosa pela minha pele, como se me

Estivesses a criar do nada.

Navega a tua ternura

Sobre meus olhos fechados, sobre as

Pálpebras que cerro para sentir teus Lábios em silêncio.

Chega ao recanto mais oculto do meu rosto,

Como as caravelas de outrora, portuguesas.

À costa inexplorada de um para lá inexistente,

Trazendo capitães e missionários.

Dá-me teu crime e tuas insânias.

Espelhos, vidros de murano,

E o bafo transparente dos crepúsculos

Nas cidades perfeitas que habitaste.

Agrada-me ter na lembrança...

... Teus seios morenos, duas frutas mornas

Dois ramos perfumados, ramos onde adormece

O meu rosto sonâmbulo de ciúmes.

“O sonho que antevejo, e que

Adivinho perdido?

Não me perguntes nada.

À noite nossos quartos são claros como uma tarde!

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 23/03/2020
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