BRANCURA II

Flagro-me com a caneta na mão.

E, a olhar perdido o papel,

essa brancura, essa imensidão.

Onde estás inspiração?

Quero te sentir novamente.

Pensar e me perder,

me perder e te encontrar.

Emerge, mesmo que por um instante.

Mesmo que seja recordações silentes.

Sei, que é culpa dos meus tristes

e maus fados.

Vem, mesmo que por uns instantes.

Quero te sentir agora.

Assim como sinto, da brisa matutina,

o seu bafejo cálido e lírico.

Leva-me para as bandas do embora.

Leva-me para lá.

Esqueçamos o que ficou de cá.

Breve só restará uma lembrança,

uma vaga lembrança...

... Do êxtase que foi ter estado aqui

no paraíso, paraíso é estares desfeita,

cabeleira no meu colo.

É, também, desabrochar o pulso e desejar ir.

Para também pensar,

pensar e se perder.

Sonhar e esquecer,

a dor que já senti.

Para de bater peito meu,

tô nem aí para ti.

Sei que valeu ter vivido

o que vivi.

Só quero agora,

refugiar-me lá p'ras bandas

do embora, macular a brancura

como fiz outrora.

Ter no meu refúgio de insânias

e insanos sonhos de desejo.

Desejo, de menino, realizado

num simples lampejo.

T@ACITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 20/03/2020
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