Motim

Quando a gente tem

O universo pra nós abraçar

Com tudo que ele tem,

Desde estrelas pequenas a enormes,

Planetas e grãos de cosmos

Que nos envolvem,

Sempre vem

Os brilhos foscos

Querer radiar

Com seus tons amarelados.

Pessoas padrões

Que seguem as instruções

Que a mídia configura,

Agindo de maneira dura

Sem emoções

Contraindo ao máximo,

O amor que escapa

E se destaca

No mapa.

Tudo porque não acreditam,

Pois nunca encontraram.

Exigem assim,

Porque não puderam cumprir.

Se não tem amor não palpite,

Só admite,

Não irrite

Quem encontrou,

Vai lá e conquiste

O teu.

Não importa a forma

Se é torta,

Grande como uma montanha,

Descabelada como uma árvore,

Se tem a fama

De ser cheia de façanha,

Se é duro como mármore,

Ou suave

Como algodão,

Colorido como sabão,

Gostoso como sorvete,

Fino como alfinete,

Delicado como setim,

Baleado de festim,

E outros afim.

Apenas moldura

Na sala

Para que todos vejam

E tenham ternura,

Nada de frescura

Para silenciar

O que quer cantar,

Só por que não é como queiram

Que não seja correto,

Só por que é diferente

Não torna evidente

Que não seja pra sempre,

Muito menos inconfidente.

O urbano

Sempre pois o que causa espanto

Em fogueiras,

Porque o que é pra nós mil

maravilhas,

A lei disse que é besteira,

Lei do infeliz

Que perdeu o que quis,

Que teve o sonho de cera

Quebrado como giz,

Foi na curtição quando deu na telha,

Agora tem a alma rabugenta.

Saudades de quando a liberdade não estava tão longe,

Onde a falta de maturidade

Por se apaixonar além do horizonte,

Nos dava coragem

De pegar

O molde que nos deram e rasgar,

Para recomeçar

Uma aliança com a terra, o céu e o mar,

E aquele que só queremos amar.

Ricardo Palermo
Enviado por Ricardo Palermo em 18/02/2020
Código do texto: T6868595
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