Ferrugem
Marcou o meu
Corpo
Com as garras
Do passado
Silêncio abafado
Varal encapado
De tirania.
Grudo os meus
Pés no chão
E na ponta
Da língua
Rosna um espantoso
E atípico gemido.
Os pelos do meu
Corpo se erguem
Contemplo
Os seus lábios
E me rendo
A tua
Bagunçada
Risada rubra.
No reprise
Da nossa teimosia
Me arrisco feito
Ferrugem
Em aço infalível
No sovaco
Das horas perdidas.
E no rigor
De profundos ventos
Desato a timidez
E deslizo na clarabóia
Serena de tua pele.
Eu rompo fogueira
Nesta noite luzidia
Um estrondoso luar
Rasgou as nuvens.
Daniel Gomez.