UMA ESTÓRIA INACABADA (Ressuscitando um antigo amor).
Eu pressinto teu arrependimento
Quando olhas para mim
Com as lentes da tua alma
Ele me ensurdece
Com aquilo que tua boca
Não é capaz de comunicar
Percebo a mensagem da tua quietude
Boiando placidamente
No lago sereno
Dos desejos satisfeitos
Em épocas pretéritas
Quando nossos corpos
Comungavam com as hóstias do amor
No atrito entre a minha volúpia
E a tua libido
No contato da minha lascívia
Com o teu orgasmo
O maior pecado consistia
Em não termos feito mais...
Eu ausculto
Tua paixão reprimida,
Represada nas veias
Do teu coração febril
Ela me convida
Para a dança silente
Da reconciliação
E descompassadamente
Vamos reatando aqueles
Antigos passos,
Buscando a métrica
Perfeita do ritmo
Que a tua ausência sufocou
Quando me ofereceras
A partitura da tua partida.
Há algo de invisível que
Ficou transbordando
Gota a gota com as lágrimas
Despejadas dos meus olhos
Abandonados
E que ficou repousando no reservatório de um coração
Angustiado pelo seu preguiçoso retorno
Mas que se rompeu
Com a avalanche da tardia resignação.
Agora ponho-me a escrever poemas
A dialogar com meus versos
No oráculo dos seus lirismos
Na esperança que eles venham
Me diagnosticar
Com uma recidiva deste amor
Ainda por se completar
No infinito daquilo que não
Soubemos preencher.
Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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