UMA ESTÓRIA INACABADA (Ressuscitando um antigo amor).

Eu pressinto teu arrependimento

Quando olhas para mim

Com as lentes da tua alma

Ele me ensurdece

Com aquilo que tua boca

Não é capaz de comunicar

Percebo a mensagem da tua quietude

Boiando placidamente

No lago sereno

Dos desejos satisfeitos

Em épocas pretéritas

Quando nossos corpos

Comungavam com as hóstias do amor

No atrito entre a minha volúpia

E a tua libido

No contato da minha lascívia

Com o teu orgasmo

O maior pecado consistia

Em não termos feito mais...

Eu ausculto

Tua paixão reprimida,

Represada nas veias

Do teu coração febril

Ela me convida

Para a dança silente

Da reconciliação

E descompassadamente

Vamos reatando aqueles

Antigos passos,

Buscando a métrica

Perfeita do ritmo

Que a tua ausência sufocou

Quando me ofereceras

A partitura da tua partida.

Há algo de invisível que

Ficou transbordando

Gota a gota com as lágrimas

Despejadas dos meus olhos

Abandonados

E que ficou repousando no reservatório de um coração

Angustiado pelo seu preguiçoso retorno

Mas que se rompeu

Com a avalanche da tardia resignação.

Agora ponho-me a escrever poemas

A dialogar com meus versos

No oráculo dos seus lirismos

Na esperança que eles venham

Me diagnosticar

Com uma recidiva deste amor

Ainda por se completar

No infinito daquilo que não

Soubemos preencher.

Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 02/01/2020
Código do texto: T6832240
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