TRANÇAS
Eu costuro a minha saudade
E suplico-te testemunha
De minha ruínas
Em desviados e exorbitantes
Pensamentos.
Da nau que singra à deriva
Nas margens de um tempo
Que eu derramei.
Diga-me que isso seja um abismo
Mas sinto um doce aroma no ar.
Nada em mim é tão pleno
como amar-te por derradeira
Deste meu mundo
Que não difunde os exageros.
Diziam que éramos metade
E eu carrego-te toda inteira
Por entre vastos campos floridos
Arrebatando dos galhos
Toda a solidão dos espinhos.
Por fim,
Amor e razão
Aquecem a minha alma
Que tão delicadamente
São vícios de um coração
Que sangra
Tudo o que dele ainda me resta.