Fecundação
O veneno dos meus olhos
cintila em teu baton-curare
arrepia-te a saliva coagulada
em pestanas de sangue sacrifical.
Meu espírito, tua faca ritual,
divide em partículas, entre anjos
em queda livre, desasados.
Fere a pedra, o sacro, o cóxis.
Meus dentes cravam-te calcanhares,
joelhos se chocam no crucial
desgozo da dor. Penetro-te pulmões
com sopros peçonhentos.
Num ato extremo – de vida e morte –
ao peso do corpo me submetes
e me acolhe em teu ventre
num aborto às avessas, feta-me.
https://polenepedras.blogspot.com/2019/11/poemas-publicados-0552014.html