Poema – Pequenininha
Poema – Pequenininha
Em um mundo de angustias
dois corações improváveis
se encontraram
Essa é a história do poeta
que se apaixonou pelo anjo;
Perdido em sua própria escuridão
o poeta chorava lágrimas de sangue
e todas as noites antes de dormir
chorava abraçando um velho travesseiro
O Anjo havia perdido as suas asas
e caminhava sozinha no vale das sombras
Em seu passado remoto
os homens mais cruéis a fizeram sangrar
Ferida e sem esperanças
encontrou nos olhos do jovem Poeta
esperanças para viver mais um dia
Mas o poeta nunca acreditou no amor
o seu coração havia se partido
ah muito tempo
Ainda que em sua juventude
o suicídio o abraçou
mais do que a sua própria mãe;
O Anjo ferido sem desistir
com uma voz doce
ressoou a sinfonia dos deuses
Fazendo o jovem Poeta
se apaixonar pela primeira vez
Dois corações improváveis
agora sangravam juntos
banhando as rosas brancas
com o seu sangue
O Poeta que antes vivia na escuridão
agora chamava o seu anjo
de pequenininha
protegendo-a com a sua própria vida
Quem diria?
que um homem morto
poderia amar ao menos uma vez (...)
Em uma destas noites frias
quando as bruxas dançavam o Sabbath
72 dos demônios Goéticos possuíram
o coração daquele anjo
Transformando o seu amor
em um ódio incontrolável
O jovem poeta
novamente teve
o seu coração estilhaçado
Quando sentiu as mãos doces
do seu anjo
transformando-se em garras para feri-lo
Palavras malditas
eram proclamadas pelo anjo
E em cada uma delas
o poeta chorava o seu próprio sangue (...)
‘’ Como um homem apaixonado
Poderia sobreviver as angustias
De um amor infernal?’’
Ainda que sangrando
o jovem poeta caminhou
em um desfiladeiro entre a vida e a morte
com uma corda em seu pescoço
E todas as noites enforcava a si mesmo
para faze-la sorrir ao menos uma vez
Mas ele não sobreviveu por muitos anos
certa vez o anjo ganhou asas negras
e partiu para o abismo
Levando com ela o brilho nos olhos
do já falecido poeta...
- Gerson De Rodrigues