Tudo ou Nada
 

É vagando que sempre vivo meu fado,
e sigo – meio a teu lado e meio sozinho...
Se ainda não decretamos tudo acabado,
encontra-nos um motivo pelo caminho.
 
E vamos saber, contudo, o que somos nós,
se todo esse amor já fora do nosso alcance,
dois seres – uma só alma – em uma só voz
são elos ou fragmentos desse romance.
 
Só quero fazer do agora um eternamente,
o amor que nunca fizera em toda essa vida;
fazer-te sentir que aflora esse amor vivente
e ainda saber que podes ser tão querida.
 
Teus riscos são delicados como uma rosa.
Só quero dar-te prazer, e nunca meus ais,
sentir-te, nesse momento, a vitória honrosa
de ser teu amor primeiro e te amar demais.
 
Viver, nesse amor, a vida de braços dados,
sem pressa, finais felizes e sem segredos,
contando essa bela história de namorados
nas praças, nas avenidas e nos enredos.
 
Se um dia a saudade for nossa companheira,
lembremos que no passado amamos tanto!...
E amamos – num dia só – para a vida inteira
saber que não precisamos viver de pranto.