PRAGMÁTICOS AMORES

Havida aprendido

Pela palmatória da ingenuidade

Que eu teria que desabrigar-me

Dos meus sonhos tolos

E vãs promessas

Para conquistá-la na aventurança de uma paixão

.

E ainda que pudesse seduzi-la

No projeto inicial

Com meus castelos poéticos

As fundações deviam vestir-se

Do concreto armado pecuniário

Diferente do abstrato declamado

.

Estes poderiam servir tão somente

Em supérfluos embelezamentos

Os alicerces e as paredes não se levantam

Com a força de versos

É preciso de algo mais material

De algo menos romântico

E mais viril:

Do vil metal

.

E depois de erguida toda a construção

Com elementos sólidos

Daqueles que se vêm

Em carteiras e cofres

Poder-se-ia,

Erguer, agora, líricas construções.

.

Para fazê-la dormir no sono já capitalizado

Estas, decerto, ricas nas projeções oníricas

Porém, pobres de convencimento nas vigílias

De um tempo no qual cultuamos

O templo dos Deuses mais mercenários.

©Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 26/09/2019
Código do texto: T6754044
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