PRAGMÁTICOS AMORES
Havida aprendido
Pela palmatória da ingenuidade
Que eu teria que desabrigar-me
Dos meus sonhos tolos
E vãs promessas
Para conquistá-la na aventurança de uma paixão
.
E ainda que pudesse seduzi-la
No projeto inicial
Com meus castelos poéticos
As fundações deviam vestir-se
Do concreto armado pecuniário
Diferente do abstrato declamado
.
Estes poderiam servir tão somente
Em supérfluos embelezamentos
Os alicerces e as paredes não se levantam
Com a força de versos
É preciso de algo mais material
De algo menos romântico
E mais viril:
Do vil metal
.
E depois de erguida toda a construção
Com elementos sólidos
Daqueles que se vêm
Em carteiras e cofres
Poder-se-ia,
Erguer, agora, líricas construções.
.
Para fazê-la dormir no sono já capitalizado
Estas, decerto, ricas nas projeções oníricas
Porém, pobres de convencimento nas vigílias
De um tempo no qual cultuamos
O templo dos Deuses mais mercenários.
©Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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