TEMPESTADES
Dou-me em excitações
Quando se avizinham as tempestades
Fico aguardando rajadas violentas
Que arranquem e dilacerem minhas raízes
Elas me aprisionam e me impedem de ir
Ao encontro dos indomáveis ventos
.
Ainda hei de me seduzir
Pelos revolucionários arrebatamentos
Desses bem eólicos,
Ou alcóolicos,
Talvez bucólicos
Ou qualquer outro evento insólito.
Não importa!
.
Só sei que desejo irracionalmente
Destruir essas incômodas barricadas
Deprimentes subterrâneos refúgios
.
Que são como subterfúgios:
Asilam os meus medos
E isolam meus desejos
Numa zona de conforto insuportável!
.
Um dia, quem dera!
Ela se dispa de tempestade
E venha vestida de furacão
Aí, quem sabe, minhas raízes sucumbam
E eu me liberte de toda infelicidade
Voe com ela, para o centro de algum redemoinho
E à deriva de qualquer destinação
.
Eu possa viver esse amor caudaloso
Nas ondas irresponsáveis do vento
Nas bordas disformes do tempo
Nas entranhas do seu coração.
.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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