A ESPERA E A ESPERANÇA
Te esperarei
Na certeza
Da incerteza
Da sua volta.
Necessito acreditar
Que todo o meu vazio
Se preenche por si só
Com tal desejo erradio
Preciso tê-la
Ainda que seja
Nos assentamentos
Dos meus sonhos.
As dores do coração
Se refazem e se incumbem
De remanejar as feridas
Para baixo dos curativos
Que chamamos de ilusão.
A essa altura, não mais importa!
Me anestesio contra sofreguidão
Com doses homeopáticas de esperança
Prescrevo um placebo para solidão.
E enquanto o efeito não passa
Vou renovando o estoque
Dos anímicos entorpecentes
Num pacto tácito com tempo:
Ele não me acorda
E eu o deixo mentir
E me dizer que estará sempre disponível
No exercício do meu sonhar, incorrigível.
Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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