INTIMIDADE

Nas horas mortas da madrugada,

Nas horas em que a dor é mais sentida,

Nas horas de plena angústia,

É que tenho mais amor à vida.

Nos momentos de aflição incontida,

Nos momentos de íntima pureza,

Nos momentos de vagaroso sofrer,

É onde encontro a minha grandeza.

Nos instantes raros da meditação,

Nos instantes vulgares da satisfação carnal,

Nos instantes santos da entrega divina,

É que mais cresce em mim crença espiritual.

Nos minutos de cruel tortura,

Nos minutos de sofrida solidão,

Nos minutos de penosa insegurança,

É que me despojo da suja ambição.

Nas horas antecedentes à aurora,

Nas horas que antecedem o amanhecer,

Nas horas que sucedem o sol matinal,

É que se encontra a razão de viver.

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