Nas horas mortas da madrugada,
Nas horas em que a dor é mais sentida,
Nas horas de plena angústia,
É que tenho mais amor à vida.
Nos momentos de aflição incontida,
Nos momentos de íntima pureza,
Nos momentos de vagaroso sofrer,
É onde encontro a minha grandeza.
Nos instantes raros da meditação,
Nos instantes vulgares da satisfação carnal,
Nos instantes santos da entrega divina,
É que mais cresce em mim crença espiritual.
Nos minutos de cruel tortura,
Nos minutos de sofrida solidão,
Nos minutos de penosa insegurança,
É que me despojo da suja ambição.
Nas horas antecedentes à aurora,
Nas horas que antecedem o amanhecer,
Nas horas que sucedem o sol matinal,
É que se encontra a razão de viver.
1.980