Pede me que olhe através de teu corpo nu
Que transpasse esta tênue pele de cera 
Translúcida e frágil como um fio de seda 
Com suas veias azuladas e finas ...

...ainda possuis uma alma? !
Por baixo de toda esta devassidão 
Por entre os palavrões que vomitas 
Além do ódio que lhe corrói 
Como ácido sulfúrico 
Como pólvora encandescente! 

Mas eu te vejo 
Na tua fragilidade de menina 
Por baixo desta cerne gasta de mulher vadia 
Vejo tua dor por não ser vista 
As marcas abaixo da derme 
As cicatrizes no miocárdio 
... toda esta bradicardia 
Esta prostração 
Esta desistência da vida 
Esta mentira que contas 
Tantas e tantas vezes 
Que quase acreditastes 
Disparates! 
Sandice! 
Solidão. ..

Quisera poder vesti la 
Limpar tuas imundicies 
Tua dor dilacerante 
Teu arrependimento do ontem 
Teu medo do amanhã 
Tua inércia ante o hoje...
Mas não posso! 
Posso apenas ver te 
E vendo, te beijo a testa 
Silencio minha voz 
E deixo que durma 
Placidamente 
Como um passarinho 
No meu colo.