Náufrago

Tento saber o que é a poesia ao fato

Já senti a dormência do sentido

quando queria

alguma alegria

soprada ao ouvido

Conheço bem o que é a sobra da dor

Já andei por mil e uma saudades

quando noites

eram açoites

de meias verdades

Conheço bem do que se trata solidão

Já beijei tantas bocas insanas

quando o beijo

era desejo

de Bias, Fátimas e Joanas

Bebi do poço seco da água do amor

Banhos tomei, molhado de ilusão

Afogado demais

em ácido, aguarrás

Namor perdido, nada nadei... erosão

Entendo do que é chamado desespero

do que faz o corpo reagir ao vão

Quero calma

mas a alma

reescreve teimosa, outra aflição

Conheço bem essas coisas de silêncio

já vivi em meio ao profundo...

queria guelras

em eras

que nem havia mundo

07-12-2001

23h18min

Murillo diMattos
Enviado por Murillo diMattos em 20/03/2019
Reeditado em 20/03/2019
Código do texto: T6602562
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.