Náufrago
Tento saber o que é a poesia ao fato
Já senti a dormência do sentido
quando queria
alguma alegria
soprada ao ouvido
Conheço bem o que é a sobra da dor
Já andei por mil e uma saudades
quando noites
eram açoites
de meias verdades
Conheço bem do que se trata solidão
Já beijei tantas bocas insanas
quando o beijo
era desejo
de Bias, Fátimas e Joanas
Bebi do poço seco da água do amor
Banhos tomei, molhado de ilusão
Afogado demais
em ácido, aguarrás
Namor perdido, nada nadei... erosão
Entendo do que é chamado desespero
do que faz o corpo reagir ao vão
Quero calma
mas a alma
reescreve teimosa, outra aflição
Conheço bem essas coisas de silêncio
já vivi em meio ao profundo...
queria guelras
em eras
que nem havia mundo
07-12-2001
23h18min