Janeiro e Vinhas
Desce a avenida, desce a vida, desce o tempo
O claustro, o que fica à margem,
Cola ao limbo o emacerado peito,
Desce a hora quinta da melhor palavra,
Ilhada na folha camurça do papel;
Desce o melhor ritmo que eu souber compor e parir;
Seja o verso desnudo ou de azul cobalto ou de porta de zinco,
Registrando linhas do corpo, da face e do sexo!
Desce bebendo absinto e a carne nua,
desce a sede da língua, desce a flor consoante, vileza de arte
Que vibra a caneta tinteiro e a tinta nanquim de mim!
Desce toda a língua a roçar na língua e na síntese;
Desce o nível de usura e o definir das formas escritas,
Que desce impura a compor gozo, nudez e a poesia mais nua!!