ANJO FERIDO - II

Deitada na relva macia,

embaixo da videira, a

dormir, de repente acordo,

assustada: Um anjo caído,

ao meu lado...

Geme, machucado, com

suas asas quebradas.

Rosto sombrio, ferido.

Olhos escurecidos pelas

sombras que circulam

em seus pensamentos...

Olho assombrada para

aquela figura linda e ferida.

Ele olha pra mim, cara amarrada.

Não diz nada. Das suas asas

desce filetes de sangue.

Penso, como poderei

ajudar? Pego algumas

uvas da videira. Há

muitos cachos de uvas

madurinhas. Ofereço

ao anjo, que me vira

a cara. Fico brava.

Levanto e vou ao riacho

buscar água. Começo a

lavar-lhe as feridas das

asas. Ele se incomoda,

mas aceita. Continua

sem dizer nada.

Acho que é mudo.

Pego um pouco de água

e lhe ofereço. Ele recusa.

Vejo que está sedento,

mas recusa a água.

Então, com mais

raiva, jogo a água

na cara dele.

Ele senta, espantado,

olhando bravo pra mim.

Eu carrancuda, nem ligo.

Ofereço-lhe um copo com

água, novamente.

Ele aceita. Bebendo a

água, vejo seu rosto

se desanuviar e, vagarosamente,

começa a sorrir, levemente.

Me alegro e lhe ofereço um

cacho de uvas. Ele aceita.

Comemos uvas, nós dois,

sentados um ao lado do

outro, olhando-nos no

rosto um do outro.

Ele sorri. Eu também.

Uma energia boa nos

envolve. Estamos em paz.

De repente acordo,

deitada em minha cama,

comum, de sempre.

Era tudo um sonho.

Mas o anjo continua

ali, em minha mente.

e eu continuo vendo ele.

Mas ele não está aqui.

Não está perto de mim.

Continuo sonhando.

Um sonho bom.

Um sonho de amor.

Maria Tereza Bodemer
Enviado por Maria Tereza Bodemer em 30/11/2018
Reeditado em 30/11/2018
Código do texto: T6515378
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