EU, POESIA
EU, POESIA
Nasci poesia,
numa tarde sem lua.
nem sei se merecia;
me criei na rua
sem luz
onde tem um jardim de acácias.
abençoado por pássaros, fadas;
jurado de versos.
me fiz canto,
brinquei com rimas,
remei em lagos azuis.
no meu canto
lidei com sonetos,
trovas, acrosticos.
redondilhas, duetos.
tanto disse de amor,
amor me transformei.
nas noites de brilho,
declamei estribilhos,
fui poeta, mutante, rei.
mas que ironia...
por overdose,
ou virose,
agora sei :
morri poesia...
gustavo drummond