DIVISANDO O QUERER

O amor em suas nuances faz sonhar com o impossível

Horizontes se abrem e os obstáculos são amenizados

Pela ternura de pequenos detalhes que chegam a trazer

Lágrimas pelo simples ouvir: eu te amo!

Aos poucos, porém, o amor dial faz cessar o perfil de posse.

O ser amado se liberta, mas, de repente, o outro descobre

Por veredas instintivas, em noites frias, sem alegria,

O desamparo e a negritude da solidão.

Não há juventude para sempre e, pouco a pouco,

O encanto dá lugar às doces recordações vividas

Até que, num dado momento, surge o gesto frágil

De outro alguém que desperta sentimentos renovados.

O que fazer com o sentimento dividido?

Difícil, para os humanos, viver sem a ilusão do amor em plenitude,

Mas essa plenitude quando incerta, entre duas vertentes,

Prenuncia disputa em que o corpo se avulta, mas a alma decai.

A verdade, enfim, surge como um terremoto em larga escala

Os sentimentos doces ficam à deriva, soltas no tempo,

E as calamitosas conseqüências do querer se enganar

Vedam os olhos para as ternuras findas num horizonte perdido.

Antenor Rosalino
Enviado por Antenor Rosalino em 24/08/2018
Código do texto: T6428626
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