VERTENTE
Verte, insano,
o líquido rubro
da ferida do verso,
acidente pessoal,
entrevero com a rosa
ébria de ciúme...
Umedece o rócio,
queima o fogo
de artifício.
Será festa?
Não sei, não sei
só sei que tudo isso atesta
o vácuo desse vão que consome
o passo desse verbo que vibra
nas manhas dessa lira que, nossa,
provoca aquilo que não se espera:
verão anteceder primaveras
em beijos que precedem o intento
Que verte, insano,
em estado bruto
aquilo que pensávamos vento
- Gustavo Antonio Drummond & Lena Ferreira